quarta-feira, 18 de dezembro de 2019

David Lynch não é Almodovar. Não viu os tomates, nem a vassoura. Olés for Almodovar.


Imagens falsas, entendimento errôneo, podem ser reproduzidos e repassados com enganos em uma velocidade quase subentendida. Ou não compreendida. Se almodovar quis reinterpretar brasileiros como tomate, a instalação das fotos de moda com vassoura ficou no ar. Negras com tomates na cabeça pareceu uma imagem rude, rural, enegrecida, de nativos de um país civilizado, educado, que apesar de alguns entraves e atrasos, não significa em ideias de jungle exteriorizadas e compartidas no que se chama, claramente, de xenofobismo. Se a ideia da Vogue foi essa, terrível engano. Nome de cinema não pode se contrapor ou sobrepor, a seu bel prazer, a interpretar uma cultura que não é escravagista, ou assimilar ideias antigas, de séculos passados, porque cultura se requer atualização constante. Se quis praticar xenofobismo, protegendo algum sobrenome de cultura espanhola, precisa rever seus conceitos. Brasileiros não são tupiniquins com tomates na cabeça, mulheres limpadoras de casa simplórias, ineficientes na vida profissional, que encostam a vassoura na sala. E se fizessemos filmes de touros sendo esfaqueados em touradas, e fotos de cidadaos cheios de sangue? Poderia ser uma liberdade de expressão, mas totalmente unilateral, baseada em uma única visao, que não compreenderia o todo. Vi muita coisa se espalhar em revista de moda estrangeira, a mando de alguns desafetos, e gente preconceituosa que, sem me conhecer direito, ou ouvindo e reentendendo espalhamentos distorcidos, minimizam e escravizam, emburrecendo a identidade alheia. Difícil é quererem apagar o impacto de alguns, pagando capa de revista, fazendo acordos com jornalistas para tentar aparecer, sem ter nenhum 'sparkle' próprio, brilho próprio, e forjando coisa combinada, estampando foto antiga em revista com capa paga. Talvez, esse desatino, essa assinatura de burrice estampada, seja a ID de parte do país. Não? Agressões múltiplas e verbais por parte de algumas empresas espanholas, e gente do mondo fama, que quer soltar bombas, para atingir o que acham de quem não conhecem... hora para um café com churros, uma paella, porque ignorância é falar o que não se sabe. O pior é espalhar conceito preconceituoso em revista Vogue. Uma vergonha. E se os disparates foram da parte de conhecidos e amigos de editoras, pior ainda. Em 2019, se começarmos a cortar de Hollywood os estrangeiros, não americanos, vai sobrar o que? Que anti-seleção-natural? Com tomates pelados poderia fazer uma boa massa gourmet. Está convidado, senhor Almodovar. Cultura e filmes ríspidos, chocantes, têm que chocar também a desculturalização, a ignorância do alheio, o achaque xenofobista, o engano. No jornalismo, por pior que esteja sendo comandado hoje, uma das premissas básicas é de se ouvir as duas partes, tres. Ignorância não pode fazer parte do menu do cinema. Implantar imagens de mulheres escravas, alienação de negros, como carregadores de tomateiros na cabeça, vassouras no canto... Talvez sua cultura precise de uma limpeza. Urgente. Ninguém quer ficar chamando o ER (Emergência) para sangue espirrado nas paredes de esportes de touradas esfaqueadoras. Dê um olé no xenofobismo. Na ignorância com relação a mulheres. Países. Machismo é outra palavra que emperra a cultura. Que a sua seja livre, desde que liberdade não vire distorção, protecionismo errado, infâmia, minimização de culturas. Que não sejam as produzidas pelos chips de seu cérebro. Outros "olés"... (Rosaly Queen) (Foto Rosaly Queen) (David Lynch, cineasta)